Antes de morrer; Pesquisa revela o que as pessoas falam no leito
Elas relatam que os pacientes em sua maioria tem gosto bem simples e pedem para tomar um drink ou uma xícara de chá apenas antes de morrer.
2 anos atrás | Micael Batista
Um grupo de enfermeiras especializadas em cuidados paliativos de pacientes com câncer do hospital da Universidade Royal Stoke deram entrevista ao Canal BBC News, no Reino Unido, e revelaram muito do que vai pela mente de pessoas em estado terminal e quais são seus últimos desejos antes de morrer.
Elas relatam que os pacientes em sua maioria tem gosto bem simples e pedem para tomar um drink ou uma xícara de chá apenas antes de morrer.
Mas há casos inesquecíveis como relatou a enfermeira Ângela Beeson. Ela se recorda de uma paciente idosa que estava internada em uma ala de cirurgia bastante movimentada.
“O marido dela também ficou doente, e eles só queriam que suas camas ficassem juntas”, diz Angela Beeson.”Deitados um ao lado do outro, de mãos dadas, vi eles cantando juntos. Os dois morreram naquela ala, com dez dias de diferença um do outro.”
O que pra nós seria extremamente perturbador, a idéia do fim próximo, para os pacientes terminais, nem sempre é assim. Segundo o depoimento das enfermeiras, a maior parte deles se conformam e aguardando sua partida. Elas também confessam que sentem muita alegria em poder realizar mesmo os mais inusitados derradeiros desejos dos pacientes”Ver a alegria no rosto de uma pessoa quando ela está morrendo e seu cachorro vem visitar é algo que não tem preço”, diz ela.
Outros encaram a idéia de morrer de forma bem espiritual:
A enfermeira Massey guarda no coração o caso de um paciente que, há muitos anos, estava morrendo e apenas parcialmente consciente.”Ele disse que estava feliz de morrer, porque havia tido um vislumbre do céu, que era um lugar maravilhoso e que não tinha mais medo de partir.”
Uma das enfermeiras ouvidas pela BBC conta que, com frequência, mais próximas a morte parecem sentir o que vem pela frente e prevêem o seu tempo.”Pessoas já disseram: ‘Completo 80 anos em algumas semanas. Vou ter minha festa de aniversário e depois eu vou partir’. E, estranhamente, vimos isso acontecer”, recorda-se Morgan.
E nesse período de tempo reflexivo e contemplativo surgem também muitos conselhos e afirmações de quem faz um resumo sobre suas próprias vidas.”Lembro de uma pessoa me dizendo que a vida é muito curta e que devemos fazer o que nos deixa felizes”, afirma Jervis.
A enfermeira Jervis afirma que “morrer bem” é um processo que envolve uma boa comunicação entre os pacientes e os enfermeiros e também suas famílias. Massey concorda: “Isso pode significar não sentir dor, ter a família ao lado, pode ser o local onde querem morrer”.
E com toda sabedoria de quem lida com a morte todos os dias elas também dão conselhos para quem está vivo e não quer nem pensar neste assunto:”Se há algo que você quer fazer, corra atrás disso”, diz Jervis.”Falamos de todos os outros assuntos hoje em dia, mas viver também significa falar sobre a morte. Quais são seus objetivos na vida? O que é importante para você?”, afirma Massey.
A enfermeira Beeson afirma que é necessário ter planos sobre como proceder neste dia. “Falo disso abertamente com a minha família”, diz.”Precisamos planejar com antecedência os cuidados que receberemos.”
